Ler?

Aqui há tempos reparei que havia muita gente a usar os seus tablets ou smartphones para ler. Nos últimos tempos as coisas mudaram ligeiramente. Acho que desde o início de Setembro ainda só vi pessoas a jogarem Candy Crush ou afins.

Porquê? Estavam a ir no bom caminho. Podia ser 50 Shades of Grey mas liam. Agora olha, parece que os docinhos a desaparecer são mais interessantes...

L'Amour

Nos transportes também se criam paixões. Aliás, conheço quem tenha recebido cartas de admiradores aleatórios dos transportes (best part: not even joking!).

Quando dois comboios vão próximos e dá para vermos as pessoas como se fossem ao nosso lado de vez em quando há dois pares de olhos que se cruzam, e que arrastam sorrisinhos enquanto os comboios vão lado a lado.

Depois criam-se as páginas de "Vi-te algures" a ver se se encontram. Ao menos que tentem, pode ser que a CP vire casamenteira.

Fugir?

Toda a gente anda de transportes públicos. Há ricos, há pobres, há brancos, há pretos, há olhos verdes, olhos azuis, olhos pretos.. Há de tudo!

Engraçado é que há pessoas que não sabem lidar com as diferenças que têm à volta. Torna-se curioso ver algumas pessoas a fugir de alguma coisa.

Pessoal que se levanta porque ao lado está alguém com a música aos berros? Legítimo. Pessoal que se levanta, ou vai para outro sitio, porque um uma pessoa em específico se senta ao lado, nem tanto.

Isto tanto acontece com a questão branco/preto (para ambos os lados) como para outras situações. Só gostava de ver esta gente em dia de greve nos serviços mínimos, quando vai tudo coladinho... Aí não fugiam, e era muito mais engraçado.

Soninho!

Eu ando-me a arriscar a não chegar a casa um dia destes. Mas o sono quando bate... O embalo dos carris e tal... Ah...

Horas de meio

Andar de transportes públicos durante as horas de maior afluência costuma ser um desafio curioso!

Nos últimos tempos não tenho precisado de andar por essas horas, conseguindo apanhar horas mais mortas. Mas primeiro ponto: nunca há horas verdadeiramente mortas! Há sempre gente, e não é pouca! Segundo ponto: é tão mais agradável. Não ir encostada a montes de estranhos ou com medo de sacar de um qualquer livro pelo risco de ter algum tractor que me atropele e dobre o livro todo.

Ah, mordomias!

1984

Dizem os cartazes espalhados que a partir de dia 1 de Outubro a CP vai por multas a quem não validar o título de transporte, seja cartão ou passe.

Ora bem, expliquem-me, por favor, porque raio é que posso ser multada por usar um serviço ao qual tenho livre acesso?

Quer dizer, eu pagando o meu passe, e fazendo a minha vidinha a enfiar-lhes dinheiro em orifícios bem cheios, ainda posso ter de pagar mais porque não passei o cartão numa maquineta que muitas das vezes nem bem localizada está?

Se tiver pressa de chegar a casa tenho de perder aquele comboio que ia apanhar à rasquinha para ir fazer um bip?

Porquê?

Sinto-me ligeiramente perseguida, se calhar, não?

Se houver uma desculpa legítima, por favor, elucidem-me! É que assim sinto só que me estão a querer controlar todo e qualquer movimento sem ter sequer opção de fugir...

E aqui se vê o povo

O típico tuga gosta de se queixar, e não é coisa pouca. Mas é curioso como se vê as opiniões do público em geral em relação àquilo que se vai passando nas "televisões".

Hoje tive à minha frente um grupo de pessoas, completos desconhecidos que por acaso se encontraram ao lado uns dos outros num transporte público específico a uma hora. Por algum motivo começaram a falar dos debates políticos que foram acontecendo e foi estupidamente interessante ver as opiniões e sensações que aquelas pessoas tinham sobre  que se anda a passar. A experiência dos anos estava ali, o saber do que se fala estava naqueles estranhos que se encontraram e reconheceram ideologias nos restantes. 

A carruagem foi inundada por pequenas conversas originadas por aquele pequeno grupo. Duas a duas outras pessoas, outra vez desconhecidas, comentavam "Realmente, aquele senhor tem razão" e complementavam com a sua própria ideia e a sua própria história. 

Era isto que havia de estar os debates, podia ser que alguém ouvisse alguma coisa!

A família

Se há coisa engraçada de ver é a reacção típica de um adolescente quanto aos pais/família. Sabem que precisam deles mas querem ser o mais "independentes" que conseguem!

Resultado? "Vamos para o pé da janela." - "Vão vocês, eu fico aqui."

E lá vai, mãe e avó, enquanto a "pequena" de 14/15/16 anos fica com um ar muito mais à vontade para ver o facebook no seu telemóvel finess...

Coisas simples

Imaginemos a situação: comboio com alguma gente, tudo sentado. Existem dois lugares livres, separados. Se chegam duas pessoas, claramente juntas - e principalmente se forem pais e filhos - não custa muita a alguém que está sozinho, e que tenha um dos lugares ao lado de um livre, que vá para o outro lugar livre. Ninguém se prejudica e as coisas correm bem. Vá lá, conta como boa acção do dia!

Cancelas assassinas

Eu já estou mais do que habituada às cancelas que nos proíbem de entrar sem bilhete - ou pelo menos tentam. Mas andando com alguém com menos prática fui chamada à atenção para algo curioso: as cancelas são extremamente violentas.

Já apanhei com elas, e na altura lembro-me que até me magoei um bocadito. Mas parando naquele momento, ao pé das cancelas do metro, quando me disseram que aquilo era um abuso eu percebi imediatamente que tinham toda a razão.

Ouçam a barulheira que aquilo faz e a agressividade com que saltam assim que passamos. Aquilo mais um pouco e serve de fiambreira.

Tempo de férias

Inevitavelmente, em férias há menos gente nos transportes. Confesso é que nunca pensei que se notasse tanto. Mesmo em hora de ponta, onde há sempre bastante gente, a diferença era notável. Se calhar desviava o meu calendário e cortava os dias de chuva e metia-me a andar nas férias. A viagem é tão mais sossegadinha...

Evolução

Eu comecei a andar de transportes públicos de forma mais a sério em 2011. Na altura o meu passe, de comboio e metro, custava-me 27 euros, ou coisa do género.

Passado uns tempos cortaram nos descontos. Passei a pagar 50 e qualquer coisa, pela mesma coisa.

Depois acabaram com os descontos de todo. Pagava mais de 70 euros.

Achei que andar a pé sabia bem e que menos 35 euros a saírem do bolso era uma boa ideia e portanto passei a pagar 35 - com desconto estudante na CP - mas sem direito a metro ou similar.

A evolução dos tempos é uma coisa maravilhosa. Veremos como é que continua daqui para a frente!

Último?

Apercebi-me de que estou com algum receio quanto a deixar de usar transportes. É estranho, não é? Eu que me queixo tanto agora penso que lhe vou sentir a falta?

O certo é que estou realmente a pensar nisso. Com sorte - ou azar - este será, possivelmente o último ano que andarei regularmente de transportes públicos.

O que é que me custa nisto? Parecendo que não, por muito que perca quantidades estúpidas de tempo para ir de uma ponta a outra - sem pensar sequer em greves, atrasos e supressões - sempre é tempo em que estou noutro mundo que não é o de andar a estudar/trabalhar.

Não me dá muito jeito fazer coisas especialmente uteis nos transportes e portanto acabo por ler, por jogar, por descansar... Acho que isso mais tarde pode-me fazer falta.

É estranho pensar nisto. Logo eu que fico tão farta disto, que já perdi tantas horas fundamentais por causa disto...

Há coisas curiosas, não há?